domingo, 12 de abril de 2009

NA NATUREZA SELVAGEM

"A felicidade só é verdadeira quando é compartilhada"


Na Natureza Selvagem (into the Wild)
EUA, 2007
Direção: Sean Penn
Com Emily Hirsch, Vince Vaughn, Catherine Keener e Hal Holbrook


Baseado em uma história real (Sean Peen demorou vários anos para conseguir a autorização da família do personagem principal, Christopher McCandless, para começar rodar o filme), "Into the Wild" é uma bonita, triste e feliz lição de vida. Triste por ser um drama e feliz por ser extremamente eficiente em passar ao espectador a sua bonita mensagem, trabalhando, para isso, com os seus melhores sentidos; a fotografia belíssima (do diretor Eric Gautier, o mesmo de "Diários da Motocicleta", filme do diretor Walter Salles sobre Che Guevara) e a música, maravilhosa a cargo de Eddie Veeder, vocalista do Pearl Jam.

Christopher McCandless não é um garoto comum. Tampouco um garoto desajustado. Muito pelo contrário.

Criado por pais neuróticos, egoístas e absurdamente materialistas (mas que por isso pagarão um alto preço em suas vidas), nem por isso é um garoto-problema, psicótico, emo, dramático, etc. Nada disso. É dócil, carinhoso com a família, especialmente com a irmã, que faz a narrativa do filme, e até mesmo com os pais, em determinadas lembranças.

Se forma de forma brilhante, com notas boas o suficiente para ingressar em Harvard. É um apaixonado pela literatura, é apesar de sua pouca idade é já um erudito, conhecedor dos mais renomados mestres universais, muito citados ao longo do filme. Desapegado, recusa o presente dos pais, um carro novo pela sua formatura e o custeio de todo a sua formação superior.

Mas ele tem outros planos. Quer rodar o mundo, se misturar à natureza, ser parte dela.

Se desfaz de tudo o que tem, de todo o seu dinheiro - doa para uma instituição de caridade -, abandona o seu carro à beira da estrada e queima os seus documentos, deixa formalmente de existir. Tudo isso parece piegas, algo meio anos 60, mais à medida em que o filme avança a impressão se desfaz. Lembrem-se que o rapaz tem apenas vinte e três anos de idade.

Começa uma grande viagem pelos Estados Unidos, que é tão somente a preparação para o sonho maior, uma hibernação no Alasca, onde viverá da caça, da natureza, em seu estado mais selvagem.

Nessa viagem, vai conhecendo pessoas interessantíssimas, que vão moldando e mudando para sempre (e o para sempre, como diria Renato Russo, sempre acaba) a sua visão das coisas, a sua concepção de mundo. Mas não lhe bastam os sábios conselhos dessas pessoas. Ele precisa sentir na pele, ele precisa que a natureza que tanto ama lhe dê as respostas que ele tanto precisa.

Ele viaja em boléias de caminhões, em vagões de trem, em caiaques; trabalha em plantações, em colheitadeiras enormes, ou pilota fogões em lanchonetes de "fast-foods"; mora em desertos, em campos de nudismo.

E chega então ao Alasca, aos seus sonhos e às suas conclusões, que não são bem aquelas que ele esperava, e que também não são apenas as suas conclusões, mas acabam sendo as nossas conclusões também.

Embora tenha sido indicado para dois "Oscar", "Into the Wild" foi solenemente ignorado pela Academia de Cinema de Hollywood.

O que, é claro, não surpreende, vez que seu diretor é Sean Penn, "personna non grata" dos republicanos que dominam a indústria cinematográfica americana.

Inclusive, há uma cena do filme que mostra o "pateta-mor", "Bob-pai", George Bush, falando pela TV a favor de sua Guerra do Golfo, assim como faria, anos mais tarde o seu filho trapalhão sobre a Guerra do Iraque.

Não é, absolutamente, um filme "bicho-grilo", hippie, etc. É um lindo filme sobre a vida de um idealista, ingênuo e corajoso rapaz. Vejam.


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