terça-feira, 24 de março de 2009

Terça-Feira, 23 de março de 2009.

"Como poeta, acho melhor não dizer nada.
Num tempo assim, porque não temos a virtude
De corrigir atos governamentais
Já se intromete em muita coisa que agrada
A uma garota na indolente juventude
Ou a um velhinho em suas noites hibernais"
W.B.Yeats.
Descubro-me, recentemente, trabalhando em um lugar desprovido de conteúdo.
Ao menos, foi essa a justificativa açodada que foi oferecida pela direção da Casa ao extinguir o setor em que trabalho. Reformulo: essa foi a oferenda açodada para justificar os atos da direçao da Casa, ao extinguir o trabalho do setor, por pressão da imprensa. Reformulo: essa foi a direção dos trabalhos extintos pela açodada imprensa do setor da direção da oferecida Casa. Ah, deixa para lá.
Repito a minha humilde posição: não tenho absolutamente nada contra a apuração dos fatos, muito antes pelo contrário. Racionalização da administração pública, moralização dos atos administrativos, combate à malversação dos gastos dos recursos públicos, tudo isso é extremamente bem-vindo e necessário. Mas não considero razoável o atabalhoamento, a irresponsabilidade da acusação precipitada, melhor, da condenação precipitada; não considero legítima a injustiça que se faz em obediência ao medo, em subserviência à pressão. Não, naõ se corrigem erros cometendo outros muito piores. Não é assim que se faz.
Aqueles cujos nomes são execrados em público, aqueles que publicamente pela imprensa são exonerados, dificilmente terão a oportunidade e o mesmo espaço para repararem o estrago que promovem em suas biografias. Isso é injusto. Isso é covarde.
A contrapartida ao aplauso fácil que hoje recebem os executores das medidas rápidas está na consciência e na tristeza dos colegas. É impossível não sentí-las.
Não quero falar em ajuste de contas, como espetacularmente especulam por aí. Isso é baixo, é mesquinho, é do tamanho de quem incita tudo isso. Não.
Prefiro que esse ajuste se verifique em nível de travesseiro. Esse é implacável. Nenhuma vaidade é maior que o repúdio do travesseiro.
Vejo o meu chefe ir trabalhar com uma expressão sereníssima no rosto. Se guarda ressentimentos, guarda-os só para si, não os revela. Evangélico, segue os ensinamentos de seu Cristo, oferece a outra face, exerce a humildade. Dizem ser essa a fé que faz bem. Deve ser. Eu estaria me roendo por dentro.
De repente, o trabalho que ele faz todos os dias com dignidade já não tem mais conteúdo. Estás bem. Ah, já falei demais sobre isso.
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O caderno começa hoje, e talvez o blog também. Estou meio confuso sobre o que será posto aqui e ali, com o tempo acho que resolvo. Não só isso, mas tipo, formato, assunto, etc. Tudo está para ser resolvido, o será na prática, no dia-a-dia, se houver dia-a-dia, se eu não me aborrecer com isso. Difícil ser um ponto.com.
Só espero que, com medo do caráter público do blog, eu deixe de ser intimista em meu caderno, o que provavelmente me estragaria os dois.
O problema é que há de se perder um pouco a vergonha na cara para se manter um blog, afinal ninguém se interessa em ler algo pudico, algo organizadinho, planejadinho. O que queremos ver em um blog, me parece, é algo parecido com a inconfdência, um quase-diário.
Meu medo maior é de me acumular e me atolar de tanto por fazer, acabando por não fazer nada ou por não fazer nada direito. Quem viver, verá.
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Apresento-vos desde logo a minha secretária. Melhor, em tempos pomposos, a minha Diretora de Abastecimento, Manutenção, Execução Nutricional e Apoio Veterinário. Uberlândia, que desde ontem voltou ao batente, muito a contragosto (o marido de Uberlândia não gosta que ela trabalhe, típico baluarte chauvinista latino-americano, é meu braço direito, lugar-tenente e cuida de Bandit e Lisavieta e da desordem da casa.
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Paixão do dia:
Nessa velocidade louca da informação, as paixões musicais não podem ser mesmo fiéis, elas podem e devem ser volúveis, fervorosas, absurdas e cheias de tesão. Prometo tentar renová-las o máximo possível aqui. Naturalmente, não lhes direi onde buscá-las (tem graça ensinar pirataria, se virem), mas tentarei ser o mais completo possível, hehehe.
Então, tenho tido verdadeiros orgasmos musicais ouvindo IAIN ARCHER, alemão introspectivo, meio enrustido e não-emo, cujo último álbum, "To the Pine Roots", deve ser muito bom, mas ainda não tive acesso. Porém, o seu "Flood the Tanks", de 2004, lembra muito o trabalho do Snow Patrow. Uma maravilha, vale a pena conferir. Principalmente as faixas "Running in Dreams", "A Few Conclusions" e a melhor delas, em minha opinião, "Boy, boy, boy".
Fica aí a dica!

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