terça-feira, 26 de maio de 2009

Noivo tailandês morre em festa de casamento após beber muito.


"Não há nada mais útil do que ficar quieto, falando o mínimo possível com os outros e muito consigo mesmo. No ato de falar, há algo de insinuante e brando que, como a embriaguez e o amor, extrai os segredos. Ninguém conservará para si o que ouviu; ninguém revelará apenas o que ouviu. Quem não sabe calar um fato também não sabe calar o nome de quem o contou. Todo o mundo tem um amigo a quem confiar o que lhe foi confiado. Sendo assim, mesmo se ele refrear sua loquacidade e se contentar de falar a uma única pessoa, após um certo tempo, o fato passará a ser de domínio público: estará na boca de todos."

Schopenhauer





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Leio na imprensa hoje que um noivo tailandês, embriagado de felicidade por sua ventura em casar-se, resolveu embriagar-se de fato, e acabou sucumbindo à embriaguez, morrendo em seguida. Frustrante, dizia o jornal.
Na verdade, me parece que Wu, falecendo antes mesmo de receber o tratamento no hospital, viveu da forma mais emocionante e completa possível o seu matrimônio. Não tenho notícias, honestamente, de uma relação que possa ter sido tão feliz a dois. Pode-se dizer, sem dúvida, que o seu casamento foi uma festa. Enquanto durou, sua esposa sempre esteve cheirosa, chiquérrima, bem humorada e linda. Amorosa, receptiva, sempre disposta a lhe dar um olhar carinhoso ou um eterno beijo, cheio de promessas relativas ao excitante momento que viveriam a seguir.

Na saúde ou na doença, estiveram sempre juntos, e os amigos não os abandonaram.

Não houve brigas, ciúmes, apenas música, alegria, paixão.

Nunca sofreram das incertezas do amor, e das aflições da carne.

Foram sempre riquíssimos, sempre com uma viagem a fazer.

Wu soube se casar. Morreu feliz.


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Volto hoje ao blog, depois de algum tempo. A exemplo de Wu, que embriagou-se de amor, meu fiel notebook também por mim foi embriagado dia desses por um enorme copo de cerveja que eu tomava e inadvertidamente e muito desajeitadamente nele derramei. Disse-me o técnico depois, foi a sua mãe - não a mãe do leitor, evidentemente -, mas a mãe do computador, ou melhor ainda, a sua placa-mãe, que parece não era muito dada ao álcool, vindo como o tailandês a sucumbir, sem sequer receber os primeiros socorros.

Segundo o médico-técnico, a placa-mãe teria que ser substituída. Eu aquiesci, ainda que desconfiado. Afinal, mãe, ainda que placa, não se substitui. Bingo. Veio outra, sofisticadíssima e igualmente superlativa em termos de preço. Ao ser posta no comatoso paciente, houve rejeição imediata das demais placas, que se rebelaram contra a impostora, e foi decretada então a morte cerebral do meu fiel ajudante. Somente agora pude arranjar um substituto temporário, mas não à sua altura. Portanto, este blog está de luto, pela perda prematura de um de seus mais importantes colaboradores.



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Ainda que de luto, entretanto, estou muito feliz por ter aderido, finalmente à rede TWITTER. Estou me sentindo moderníssimo e me achando super-bacana. Afinal, sabendo se conectar (ou, como eles chamam, seguir) as pessoas certas, você tem à sua disposição um cabedal enorme de informações vindas de fontes extremamente interessantes, e o mais importante: você direciona essas fontes aos seus interesses. Música, literatura, astrologia, culinária, economia, está tudo lá. Anotem aí: http://twitter.com/Ze_Kleber.



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Dia desses, embriaguei-me (para não fugir do tema do dia) com um livrinho da L&M Pocket, que está fazendo um trabalho sensacional vendendo ótimos títulos a um preço bastante razoável em lugares como bancas de revistas, livrinho da Florbela Espanca (cuja fotinha está lá encima e deveria estar aqui embaixo, mas eu não sou jeitoso com isso), poeta de sensibilidade ímpar. Destaquei este poema, que encerra o post de hoje, em homenagem ao Wu e ao meu finado computador:


Inconstância

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!
Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!
Passei a vida a amar e a esquecer...
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando...
E este amor que assim me vai fugindo
É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também... nem eu sei quando...
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2 comentários:

Neve disse...

Olá, José Kleber, vc ficou muito tempo sem postar! Adorei a postagem de hj, muito legal. Ri muito, e é difícil eu rir de alguma coisa, então, vc sabe mesmo escrever!
Gostei muito desse novo estilo, tipo esses pequenos drops, acho legal, pois fala-se de várias coisas ao mesmo tempo, não é? uma linguagem dinâmica, enfim.
Nossa eu ri do pobre rapaz que morreu no casamento, mas vc tem razão: ele morreu embriagado de amor!
Também achei engraçado a sua placa mãe ter tido um stresse total, liga nao, mãe é tudo igual. De vez em quando a gente pira.
Achei interessante vc gostar de Florbela Espanca, eu também já curti demais ela, agora estou curtindo outros autores, mas ela recebeu uma homenagem minha, fiz um poema para ela, está no meu primeiro livro ( primeiro e único).
Então, um abração e até a próxima.

JOSÉ KLÉBER LEITE DE CASTRO JÚNIOR disse...

Minha querida Dona Poesia, mais uma vez, muito obrigado pela atenção e carinho! Beijos!